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OPAS verifica que o Brasil é mais uma vez um país livre do sarampo

Ministra, Nísia Trindade; presidente Lula; e diretor da OPAS, Jarbas Barbosa
Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Com essa conquista, as Américas recuperam o status de região livre de sarampo endêmico

Brasília, 12 de novembro de 2024 (OPAS) – O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, entregou nesta terça-feira (12/11) ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e à ministra da saúde, Nísia Trindade, a certificação de que o país foi reverificado como livre de sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita. Essa conquista marca a recuperação do status das Américas como uma região livre de sarampo endêmico, um marco que foi alcançado pela primeira vez em 2016.

“Quero reconhecer o papel de liderança do presidente Lula e da ministra Nísia Trindade. Quando conseguimos reunir a capacidade técnica em um país como o Brasil, com uma liderança política comprometida, as coisas realmente acontecem”, destacou Jarbas Barbosa, ressaltando que o sarampo não impacta só a saúde, mas também tem consequências devastadoras para o bem-estar das pessoas e a economia dos países.

A ministra da Saúde Nísia Trindade ser um dia especial, “que reflete o movimento nacional de gestores, da comunidade científica, da vigilância em saúde e do parlamento, todos empenhados em fortalecer a vacinação e a saúde pública. Esse reconhecimento é uma conquista coordenada pelo governo federal, mas resultado do esforço conjunto de muitas frentes e do nosso SUS”.

Durante a cerimônia alusiva à recertificação, a OPAS e o Ministério da Saúde reconheceram os esforços do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), do Conselho Nacional de Saúde (CNS), da Câmara Técnica Nacional de Especialistas para a Interrupção da Circulação do Sarampo e Sustentabilidade da Eliminação da Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita no Brasil, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Frente Parlamentar em Defesa da Vacina, entre outras instituições e entidades que articularam, executaram e apoiaram as ações para o alcance do status de país livre do sarampo.

Foto: OPAS/OMS/Karina Zambrana

“Esse é um momento importante para reforçar o papel do nosso Programa Nacional de Imunizações e de toda a competência técnica espalhada pelo Brasil. Nossa câmara técnica tem trabalhado com comprometimento e dedicação para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde. É uma vitória do Brasil, do povo brasileiro e de cada vacinador e pessoa vacinada, assim como daqueles que infelizmente não tiveram acesso à vacina quando precisaram. Que este dia represente uma conquista e um desafio permanente, do qual não abriremos mão. A saúde exige cuidado, paciência e compromisso com a nossa população”, í.

A reverificação foi realizada pela Comissão Regional de Monitoramento e Verificação da Eliminação do Sarampo, da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita, grupo independente de especialistas convocado pela OPAS, que avaliou as evidências apresentadas pelo Brasil.

O diretor da OPAS enfatizou também que para preservar a eliminação do sarampo e evitar futuros surtos, é crucial intensificar os esforços de vacinação e aprimorar a vigilância e a capacidade de resposta rápida a casos importados. “Ao mesmo tempo em que esse certificado é um reconhecimento importante, ele também representa um desafio, pois precisamos mantê-lo”, concluiu Jarbas Barbosa.

As Américas também eliminaram a rubéola e a síndrome da rubéola congênita em 2015, uma conquista que os países da região têm mantido desde então.

OPAS/OMS/Karina Zambrana

Histórico da reverificação

Um surto de sarampo iniciado em 2018 retomou a transmissão endêmica do vírus no Brasil em 2019, quando foram notificados mais de 21.700 casos. Em resposta, o país implementou diversas medidas, como a coordenação do Ministério da Saúde com profissionais de saúde dos estados e municípios, o microplanejamento de atividades de vacinação de alta qualidade dentro do programa de rotina, a descentralização de testes moleculares para identificação do vírus e a formação de equipes de resposta rápida. Em junho de 2022, o Brasil registrou o último caso endêmico de sarampo.

Para cumprir os critérios de reverificação, o país precisou demonstrar que não houve transmissão do vírus do sarampo durante pelo menos um ano, além de ter fortalecido o seu programa de vacinação de rotina, a vigilância epidemiológica e a resposta rápida a casos importados. A cobertura da vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) no Brasil aumentou de 81% em 2022 para 87% em 2023 e o país continua os esforços para alcançar a taxa de 95% recomendada pela OPAS para garantir a imunidade coletiva e prevenir surtos.

Durante esse período, o Brasil – assim como outros países da região – notificou casos importados de sarampo, mas a rápida resposta do sistema de saúde impediu a geração de casos secundários.

O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente crianças e pode causar complicações graves, como diarreia intensa, infecções de ouvido, cegueira, pneumonia e encefalite (inflamação do cérebro). Algumas dessas complicações podem ser fatais. Como o sarampo continua a circular em outras regiões do mundo, o risco de reintrodução nas Américas persiste, especialmente em crianças que não estão totalmente vacinadas.

Em 2024, até 8 de outubro, mais de 17 mil casos suspeitos de sarampo foram notificados nas Américas, com 389 casos confirmados em oito países. A maioria desses casos são importados ou relacionados com importações, o que demonstra a importância de manter elevados níveis de cobertura vacinal para proteger as populações mais vulneráveis.